Há dias em que a pessoa acorda doente da cabeça: sente-se abandonada, embora não o esteja. Mas como lidar com esta sensação, quando o dia chove e a chuva não para de chover, e nesse chove chove choras sem chorar, como quando menino ou menina (sempre há de se aclarar) achavas que ninguém estava por ti. Olhas para dentro, como sempre o fizeste, e vês um mar de gente que te ama. Um mar de fios de luz desde o centro do teu coração para todas as partes do universo, costurando tudo com tudo. Esse é o teu ninho, esse és tu. E se o dia continua a chover como chove, e se continuares a pensar que estás abandonado ou abandonada, nada há de te impedir de dares uma olhada, mais uma vez, como sempre o fizeste, para esse centro de luz que aninha no teu peito. Ali te aninhas, ali está a costura que te une com tudo e com todos.
Doutor em sociologia (USP). Terapeuta Comunitário. Escritor. Membro do MISC-PB Movimento Integrado de Saúde Comunitária da Paraíba. Autor de “Max Weber: ciência e valores” (São Paulo: Cortez Editora, 2001. Publicado em espanhol pela Editora Homo Sapiens. Buenos Aires, 2005), Mosaico (João Pessoa: Editora da UFPB, 2003), Resurrección, (2009). Vários dos meus livros estão disponíveis on line gratuitamente: https://consciencia.net/mis-libros-on-line-meus-livros/