Partilhando

Às vezes não temos algo em particular para fazer, e é como se a folha nos chamasse, Como se houvesse um lugar para nós neste mundo de relatos que nos inclui e nos contém. Sempre gosto de esclarecer –para mim mesmo, antes de mais nada– que se trata tanto do mundo dos livros lidos, o mundo literário, quanto dos mundos vividos, o mundo do cotidiano, com seu rico manancial de experiências e conhecimentos.
Por vezes, dizia, uma noite sem sono, ou um intervalo nas atividades cotidianas, levam a nossa atenção para aspectos relevantes dentre as coisas que nos rodeiam. O olhar de uma pessoa muito querida que assiste televisão. O rosto de um outro familiar nosso que está a nosso lado. As expressões do meu pai que transmite tanta alegria, nesta etapa crucial da sua vida.
O dia vai passando e estas coisas que ficaram na nossa memória, em algum momento querem vir para a folha. Querem ser partilhadas. Ontem fiz um curto passeio pelo rosedal, perto do lago no parque San Martín. Tinha umas flores vermelhas, o que muito me alegrou, já que em pleno inverno mendocino, isto é um quadro bastante atraente. Umas estátuas, também muito bonitas, das muitas que podem ser vistas neste passeio público.
Tirei fotos de duas delas, ambas de mulheres moldadas em metal. Tem outras: a do aviador Benjamín Matienzo, a fonte dos Cinco Continentes, e uma de uns leões ou pumas lutando contra um alce, que se encontra no final do rosedal. Todas estas impressões estão vindo neste momento, e espero que agora possa em fim dormir. Não que seja desagradável este momento de partilha.
Pelo contrário, sempre me dá prazer saber que de algum modo, tudo que vivemos, tem algo de bom que busca ser dividido com pessoas que nos são queridas.

Deixe uma resposta