Mensagem do Papa Francisco

“Ângelus”, dia 26.03.2017

Caros irmãos e irmãs, bom dia!

No centro do Evangelho deste Quarto Domingo da Quaresma, encontram-se Jesus e um homem cego de nascença. Cristo lhe restitui a vista e opera este milagre, com uma espécie de rito simbólico. Antes, mistura terra e saliva, e os passa sobre os olhos do cego. Em seguida, ordena que ele vá lavar-se na piscina de Siloé. Aquele homem vai, lava-se e passa a enxergar, ele que era cego de nascença. Jesus Se manifesta, e Se manifesta a nós como Luz. E o cego de nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer a Deus, mas por causa do pecado, nos tornamos como cegos: precisamos de uma Luz nova – todos nós temos necessidade de uma Luz nova, a que Jesus nos deu.

Com efeito, aquele cego do Evangelho, tendo adquirido a vista, abre-se ao mistério da fé. Jesus lhe pergunta: “Você crê no Filho do Homem?” – “E quem é, Senhor, para que eu possa cren nEle?, responde o cego curado. – “Você o viu: é Aquele que está falando com você!” – “Eu creio, Senhor!” E se prostra, diante de Jesus.

Este episódio nos leva a refletir sobre a nossa fé, a nossa fé em Cristo, Filho de Deus, e, ao mesmo tempo, refere-se também ao Batismo, que é o primeiro Sacramento da Fé, que nos faz vir à Luz, por meio do renascimento pela água e pelo Espírito Santo. Assim, tal como sucedeu ao cego de nascença, de quem Jesus abriu os olhos, após ter-se lavado na piscina de Siloé. O cego de nascimento, curado, nos representa, quando não nos damos conta de que Jesus é a Luz, é a Luz do mundo, quando olhamos para outra direção, quando confiamos em pequenas luzes, quando tateamos no escuro. O fato de que aquele cego não tenha nome ajuda-nos a enxergarmos o nosso rosto e o nosso nome em sua história. Nós, também, fomos iluminados por Cristo, no Batismo. E, portanto, somos chamados a nos comportarmos como filhos da Luz.

E comportar-nos como filhos da Luz já é uma mudança, uma mudança de mentalidade, uma capacidade de julgar homens e coisas, por uma outra escala de valores, que vem de Deus. O Sacramento do Batismo, com efeito, exige a escolha de vivermos como filhos da Luz e de caminharmos na Luz.

Se, agora, eu lhes perguntasse: “Vocês crêem que Jesus é o Filho de Deus? Crêem que pode mudar o coração de vocês? Crêem que podem ver a realidade como Ele a vê, não como nós a vemos? Crêem que Ele é Luz, nos dá a verdadeira Luz? O que vocês responderiam? Cada qual responda, em seu coração. O que significa ter a verdadeira Luz? O que significa caminha na verdadeira Luz? Significa, antes de tudo, abandonarmos as falsas luzes, a luz fria e feita de contra os outros, porque o preconceito distorce a realidade e nos enche de aversão contra aqueles que julgamos, sem misericórdia, e condenamos sem dó. Isto é algo que acontece, com frequência: quando falamos mal dos outros, não caminhamos na Luz, caminhamos na sombra. Uma outra luz falsa, porque sedutora e ambígua, é a do interesse pessoal. Se valorizamos pessoas ou coisas, com base em critérios de nossa conveniência, do nosso agrado, do nosso prestígio, não praticamos a verdade nas relações e nas situações. Se caminhamos por esta estrada, de buscarmos apenas o interesse pessoal, estamos caminhando nas sombras.

Que a Virgem Santa, que foi a primeira a acolher Jesus, Luz do mundo, nos obtenha a graça de acolhermos, de novo, nesta Quaresma, a luz da fé, fortalecendo o inestimável dom do Batismo, que todos recebemos. Que esta nova iluminação nos transforme, em atitudes e ações, a fim de sermos nós, também, a partir de nossa pobreza e de nossa pequenez, portadores de um raio da Luz de Cristo.

https://www.youtube.com/watch?v=9ge_91El2MY
(Do minuto 10:53 ao minuto 18:40)
Trad.: AJFC

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