Cuidar da democracia é preciso

A ameaça do uso da violência por parte da PM em escolas ocupadas pelos estudantes em São Paulo é, em si mesma, uma violência. Tem havido ameaças contra professores que não se manifestam em favor do golpe que se intenta contra a democracia. Tem havido também, censura a jornalistas em meios de comunicação, que não compactuam com a tergiversação da verdade a serviço da destituição da presidenta da República, Dilma Rousseff, bem como com o massacre midiático contra Lula e o PT e contra as conquistas e direitos sociais e trabalhistas.

O exercício continuado da pregação de discursos de ódio e intolerância pelos meios de comunicação a serviço do grande capital, tem provocado fraturas na sociedade brasileira. “Divide et impera”. No entanto, até o abuso do poder encontra, em algum momento, a sua contenção. As pessoas começam a olhar e a ver por si mesmas, começam a refletir, e a ver que o panorama do temível governo de bandidos que já se anunciava como certo, pode ser (e seria mesmo) sem dúvida muito pior do que o governo que querem derrubar.

Hoje foi anunciada uma medida do judiciário, que pode descomprimir em alguma medida, o quadro explosivo criado pela irresponsável atuação dessa direita fascista que age desde os partidos PSDB e assemelhados. Não sabemos até que ponto esta destituição de uma pessoa completamente inadequada para o exercício da função pública, na Câmara dos Deputados, poderá de fato redirecionar o rumo dos acontecimentos.

O que está claro, é que a cidadania tem acordado para uma série de perigos que vem minando a jovem democracia brasileira. Este ano está sendo pródigo em situações de uso privatizado das instituições do Estado. Um juiz acima (e fora) da lei, divulgando gravações em benefício próprio e de grupos de poder avessos à democracia e à lei. Um legislativo claramente patrimonialista, voltando para interesses próprios, das suas famílias e dos grupos econômicos que os financiam.

Um judiciário evidentemente temeroso, ou, para usar a expressão do presidente Lula: “acovardado”, que deixa acontecer todas estas ilegalidades, sem agir, sem ocupar o seu lugar. Do outro lado, uma população cada vez mais ciente da necessidade de intervir na reformulação desse aparelho do Estado viciado de privatismos e partidismos. Acabar com o monopólio dos meios de comunicação.

Permanecer atentos para conservar e aprimorar a democracia, uma conquista que custou muito para muitas pessoas neste país, e que não pode ser entregue de mãos beijadas a quadrilhas de delinquentes institucionais. Vem aí a greve geral. Não podemos nem devemos baixar os braços. Combater com as armas da palavra, da solidariedade, da construção cotidiana de uma sociedade mais comunitária, mas coesa nas suas bases, porque mais fincada na vida humana como um valor supremo, e não como uma mercadoria que é usada e descartada pelos de cima.

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