2º pugilista cubano também foge

Celso Lungaretti

O segundo pugilista cubano que tentou desertar durante o Pan-07 e foi devolvido a seu país, acaba de concretizar a intenção inicial: Guillermo Rigondeaux conseguiu escapar para o México e de lá se dirigiu a Miami, onde está hospedado com antigos companheiros da Seleção, sob os auspicios da Arena Box Promotions.

Trata-se da mesma que empresa alemã seduziu a ambos com ofertas tentadoras em 2007 e montou o esquema para aquela frustrada evasão. Teimosa, continuou perseguindo seu objetivo. Bancou a fuga para a Alemanha de Erislandy Lara no ano passado e agora repetiu a dose com Ringodeaux.

Vai daí que a nebulosa intervenção da Polícia Federal brasileira retardou, mas não mudou o desfecho do episódio.

Já tendo desertado e até solicitado vistos para a Alemanha, eles foram localizados pela PF numa pousada do RJ e rapidamente despachados para Cuba, sem receberem assistência jurídica digna desse nome.

Lá foram tratados como párias e impedidos de exercer a profissão em que haviam obtido grande destaque: como amadores, foram campeões mundiais em suas respectivas categorias e Ringodeaux conquistou o ouro olímpico.

E tudo isso para quê? Para que em fevereiro/2009 os dois estejam fazendo o que queriam fazer em agosto/2007. Muito barulho por nada.

Reagindo de imediato ao acontecimento ( Episódio dos atletas cubanos merece repúdiohttp://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/2007/08/episdio-dos-atletas-cubanos-merece.html ), eu escrevi em 10/08/2007 que o açodamento do Governo Lula em prestar um favor a Fidel Castro “constituiu uma lamentável reincidência em práticas características da guerra fria, quando o direito de asilo era espezinhado ao sabor de conveniências políticas e o acobertamento oficial campeava impune”.

E acabei fazendo uma previsão que se revelaria profética, face ao uso e abuso desse episódio malresolvido por parte da direita, para tentar influenciar a decisão brasileira no Caso Cesare Battisti, que envolve um personagem de muito maior valor humano e importância simbólica, já que é caçado injusta e implacavelmente pelos reacionários de dois continentes:

“Se até hoje choramos os mortos pela Operação Condor, quando a cooperação dos serviços de inteligência das ditaduras sul-americanas permitia que militantes da resistência fossem caçados e abatidos fora de seus países, não podemos transigir com a abertura de precedentes como esse, que, como um bumerangue, acabará se voltando contra nós e vitimando cidadãos muito mais valorosos do que esses pugilistas cubanos”.

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