O jeito Pfizer de lidar com a vida

Em 2009 a Pfizer, maior farmacêutica do planeta, negociou com o governo da Nigéria um acordo para se livrar de um processo pela morte de 11 crianças e sequelas em mais algumas dezenas.

Em 1996, durante uma epidemia de meningite que atingiu cerca de 11 mil pessoas na Nigéria, a empresa montou um centro de operações ao lado de um centro do Médicos sem Fronteiras que ali estava para ajudar no combate à doença. A empresa captou duzentas crianças para o tratamento com um novo medicamento, o Trovan, prometendo que elas seriam curadas. Em duas semanas o centro foi rapidamente desmontado, com um resultado de 11 crianças mortas e muitas outras com sequelas graves, inclusive cerebrais.

Com o acordo, a Pfizer pagou 75 milhões de dólares às famílias e evitou o processo, sem maiores danos à empresa.

Documentos revelados pelo Wikileaks mostram como a empresa conquistou o acordo:

“According to Liggeri [representante da Pfizer em Lagos, Nigéria], Pfizer had hired investigators to uncover corruption links to Federal Attorney General Michael Aondoakaa to expose him and put pressure on him to drop the federal cases. He said Pfizer’s investigators were passing this information to local media, XXXXXXXXXXXX. A series of damaging articles detailing Aondoakaa’s “alleged” corruption ties were published in February and March. Liggeri contended that Pfizer had much more damaging information on Aondoakaa and that Aondoakaa’s cronies were pressuring him to drop the suit for fear of further negative articles.”

(documento disponível aqui – http://213.251.145.96/cable/2009/04/09ABUJA671.html)

As intenções, muito longe de tentar diminuir o sofrimento dos nigerianos afetados pelo caso:

“Comment: Pfizer’s image in Nigeria has been damaged due to this ongoing case. Pfizer’s management considers Nigeria a major growth market for its products and having this case behind it will help in efforts to rebuild its image here.”

Para farmacêuticas, bons mercado para seus produtos são regiões com alta taxa de humanos doentes, com doenças que precisem de medicamentos de ponta. Grande valor à vida.

Para constar, desses 75 milhões de dólares do acordo, apenas 35 vão para as famílias. Uma conta rápida: US$ 35 milhões / 200 famílias = US$ 175.000 (mais ou menos 350 mil reais). Em outras palavras, pra Pfizer, uma das empresas mais ricas do planeta, a vida de uma criança nigeriana vale um apartamento modesto em copacabana.

E viva o capitalismo!

2 comentários sobre “O jeito Pfizer de lidar com a vida”

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  2. O que se pode esperar onde os diretores de uma das maiores industrias farmaceuticas do mundo, a maior da América Latina, tem transtornos sexuais, compulsivos, bipolares, desvio de carater e de personalidade duvidosa. Aparentemente todos são e estão acima de qquer suspeita e comprometidos com o ” bem estar ” mas estão muito longe do que se pode chamar de ” lucro como consequencia”.

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